Um livro
que me tocou foi a biografia do Cardeal Vietnamita François Xavier Van Thuan.
Meu diretor Espiritual pediu que todos os seus direcionados lessem o livro.
Para que nenhum desse a desculpa de não ter tido tempo de compra-lo, ele os presenteou
com um exemplar. É um livro recomendado não só para padres, é evidente, mas
para qualquer pessoa. Chama-se: “Testemunhas da esperança”, publicado
pela Cidade Nova, em 2002. Recomendo vivamente sua leitura para a Quaresma.
Van Thuan
ficou preso durante 13 anos, dos quais, 9 em regime de isolamento total. Isso
aconteceu logo depois de ter sido nomeado arcebispo de Saigon. Na p. 58 ele
descreve o que foi seu deserto de provações e qual sua grande tentação, até ser
alimentado pelos anjos, e encontrar a paz. Eis o texto:
Durante minha longa
tribulação de nove anos de isolamento, em uma cela sem janelas, às vezes com a
luz elétrica ligada muitos dias e noites, às vezes na escuridão, sentia-me
sufocado pelo calor e a umidade, a um passo da loucura. Eu era ainda um jovem
bispo, com oito anos de experiência pastoral. Não conseguia dormir,
atormentava-me a idéia de ter de abandonar a diocese, de abandonar inúmeras
obras (...). Experimentava uma espécie de revolta em todo o meu ser.
Uma noite, do profundo de meu coração escuto
alguém dizer: “Por que você se atormenta desse modo? Você deve fazer uma
distinção entre Deus e as obras de Deus. Tudo aquilo que você fez e deseja
continuar fazendo são obras excelentes, obras de Deus, mas não são Deus! Se
Deus está querendo que você abandone tudo isso, faça-o imediatamente e tenha
confiança nele! Deus fará tudo infinitamente melhor que você. Ele haverá de
confiar suas obras a outras pessoas (...). Você escolheu somente a
Deus, não as suas obras”.
Esta iluminação interior deu-me uma nova paz,
mudou radicalmente meu modo de pensar e ajudou-me a superar momentos quase
impossíveis de serem superados fisicamente. Daquele instante em diante, uma
nova força preencheu meu coração e me acompanhou por treze anos. Todas as vezes
que sentia minha fraqueza humana, renovava essa escolha diante das situações
difíceis, e a paz nunca me faltou[1].
Pe. Marcelo Alves dos Reis, SCJ
Taubaté
[1] - VAN THUAN, François
Xavier Nguven. Testemunhas da esperança, São Paulo: Cidade Nova, 2002. p. 58.
Que a Paz nunca nos falte :)
ResponderExcluir